Coluna Semanal de Marcio Cotrim
Jornal Roraima Agora
Berço da Palavra: “Nego”
Agosto de 2007
NEGO
Essa palavra consta na rubro-negra bandeira da Paraíba. Primeira pessoa do singular do presente do indicativo do verbo negar, ainda era utilizada com acento agudo na letra “e” quando foi adotada no pavilhão do estado, em 1930, baseada num fato histórico.
João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque governava a Paraíba desde 1928. Em 1929, iniciou-se o processo de eleição para o novo Presidente da República. Até então prevalecia a chamada aliança café-com-leite, pela qual São Paulo e Minas se revezavam no exercício da presidência, e Washington Luís indicou como seu candidato o paulista Júlio Prestes.
João Pessoa, inconformado, negou aprovação da Paraíba ao candidato e passou um telegrama ao Palácio do Catete, sede do governo federal, formalizando a recusa, daí o famoso NEGO. Foi um gesto de altivez registrado como marco histórico. João Pessoa foi assassinado logo depois, em 26 de julho de 1930, ainda no exercício do governo local.
A bandeira paraibana passou a ter as cores vermelha e preta – o vermelho representando o sangue derramado por João Pessoa e o preto como o luto que se apossou da Paraíba com sua morte. Muita gente, que não conhece a história, chega a pensar que a palavra é relativa a algum personagem negro. Ledo engano. Na verdade, a bandeira paraibana homenageia um dos seus filhos mais ilustres e corajosos.
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